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domingo, dezembro 28, 2008

SEIZA

Como os japoneses passaram a se sentar em Seiza?

Foi por influência do Zen. Entre as variadas e primorosas manifestações da cultura japonesa, que chamam a atenção das pessoas de todo o mundo, conhecemos o teatro Nô, o Haikai, os arranjos florais, as artes marciais, a cerimônia do chá, entre outras. Todas estas artes datam de um período que se entende dos fins do século XIV até o século XVI (Período Muromachi), no qual o Zen foi totalmente incorporado à vida prática.

Nos tempos antigos, os japoneses não se sentavam sobre esteiras, sentavam em cadeiras ou de pernas cruzadas sobre o chão de terra batida. Mas uma transformação gradual nos costumes foi alterando o ato de sentar, principalmente depois da classe guerreira dos samurais tomar o poder político. Talvez porque o sentido da impermanência de todas as coisas, derivado da vida inconstante do guerreiro japonês, sempre exposto a muitos perigos, levasse os samurais a procurar uma resposta para o problema de como viver..

Deste modo, os japoneses praticaram o Zen e formularam o Bushido. Essa atitude dos guerreiros, de dedicação ao Zen, foi se popularizando, e depois dos agitados anos de guerra civil do século XIV, na era Muromachi, generalizou-se e o uso das cadeiras acabou sendo completamente substituído pelo Seiza.
Destes princípios brotaram e cresceram os elementos culturais acima mencionados, onde se situa a nossa arte marcial, o Karatê.
Um elemento importante no processo de substituição das cadeiras por esta postura foi o código de etiqueta dos samurais.

Organizado por Sadamung Ogasawara, sob orientação do monge chinês naturalizado japonês Socho, sofreu pequenas alterações na época do Shogun Yoshimitsu Ashikaga e tornou-se, enfim, o código oficial da classe guerreira, com o nome de Sangi-ito, conhecido vulgarmente como estilo Ogasawara de etiqueta.

Entre as várias formas de praticar a meditação Zen existe a Bosatsu-za, ou postura do Bodisatva, que consiste em sentar-se sobre os calcanhares. Essa postura se transformou no Nipon-za provavelmente pelo código de honra dos samurais ser calcado nas virtudes do Bodisatva, aquele que no seio da comunidade humana se esforça na prática e na difusão dos ensinamentos de Budha.
Para manter uma posição na qual se está sempre pronto para instantaneamente atender ao apelo de outrem é preciso manter a maior calma, até para discernir os ruídos exteriores.

Senta-se sobre os calcanhares, sem cruzar as pernas, para conseguir esses objetivos.
Os guerreiros, que como os bodisatvas precisavam responder imediatamente à apelos diversos, manifestaram um grande interesse por essa postura.
O uso das esteiras tornou-se comum no início do século XVII. Assim que as vantagens do seiza foram reconhecidas pelos guerreiros, sua prática passou a ser obrigatória no treinamento das artes militares.
Os elementos da cultura japonesa são qualificados com a palavra “do” que quer dizer “caminho”, como o Caminho das flores, O caminho do arco e da flecha, o caminho das Mãos vazias etc. Todos eles são aperfeiçoados e sublimados graças ao emprego do Seiza.

Certa vez numa escola de Formosa, investigando as relações entre a disposição mental e a prática do seiza, pediu-se a um professor de arte marcial que adiasse o ensino de sua luta aos alunos recém matriculados, que foram exercitados apenas na arte do Seiza. Os alunos chineses não tinham nenhum costume de se sentar daquela maneira. Alguns sofriam bastante com apenas cinco minutos de prática. Com perseverança, passaram a tolerar dez, quinze, trinta minutos. Foi preciso cerca de dois anos para que eles agüentassem uma hora sentados imóveis em Seiza. Depois de adestrados em Seiza, passaram ao aprendizado das técnicas. No fim do terceiro ano, todos, além de obterem melhores notas nos estudos convencionais, conseguiram as melhores colocações nos exames de graduação.

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