O que deve ser um aspirante a faixa preta de Karatê? O que deve ser observado nele? O que ele tem que mostrar para merecer ser shodan?
Embora essa pergunta devesse ser respondida por quem formula o que é exigido nesses exames, vou deter-me à alguns aspectos que julgo relevantes sem referir-me aos filosóficos.
No aspecto teórico e técnico (que já foram colocados neste blog sob o título de "O que é analisado e avaliado nos Exames de Graduação (recomendações)"), os examinadores devem ter uma consciência nítida daquilo que acham que deve ser demonstrado pelos aspirantes a uma graduação.
Todos somos como espelhos, não conseguimos refletir a nós mesmos, por isso que é necessário que alguém nos avalie.
Antigamente não havia exames em Federações, quem avaliava era o próprio professor de cada um, coisa que julgo mais justa.
Por isso penso que, sempre que um professor autoriza um aluno para realizar exame para faixa preta, no seu entender esse aluno já possui essa graduação, porque não acho que um professor consciente iria jogar seu aluno “aos lobos” sem que tivesse capacidade.
Analisando friamente: O que é avaliação? É classificar e definir o destino dos atletas de acordo com as normas tradicionais. É uma função seletiva, uma função de exclusão dos que costumamos rotular de “menos capazes”.
O importante para um examinador é ter uma definição clara do que um SHODAN, NIDAN, SANDAN, etc. precisa saber e conseguir executar com a qualidade esperada para que seja aprovado a essa graduação.
Existem as técnicas obrigatórias em cada estilo, que todos os atletas devem conseguir executar com exatidão, para que sejam considerados aptos para a nova graduação. Mas avaliando os aspectos do Kihon, Kata ou Kumite, será que aquilo que ele soube e conseguiu executar com mais perfeição é mais importante do que aquilo que ele não conseguiu executar com exatidão?
Quando eu avalio, o valor de cada técnica está em minha mente, assim o que procuro são erros de postura, de execução, dentre outros, para deduzir de um valor padrão inicial que tenho em minha mente. Quando um atleta acrescenta “algo mais” do que é esperado, pode obter créditos extras e quando sua apresentação é inferior ao que eu esperava esses créditos são deduzidos.
Para mim, cada técnica tem um valor inicial, mesmo que isso seja abstrato. Isto quer dizer que se o atleta não acrescentar nada a mais, sua apresentação poderá obter no máximo a nota padrão, mesmo que os movimentos sejam executados perfeitamente. Acho que alguém que se aproxima da faixa preta, deve ter não apenas uma preocupação consigo mesmo, mas uma preocupação com todos os alunos do Dojô, procurando auxiliar o seu Sensei.
É nessa fase que deve-se buscar o desenvolvimento da força explosiva, o refinamento e compreensão das técnicas. Cada qual tem que buscar treinar a si próprio. Deve-se buscar uma auto-avaliação dos conhecimentos adquiridos em cada graduação anterior e compreender que as explicações de tudo estão em si mesmo.
O Sensei externo só oferece sugestões que despertam o mestre interno e o põe em situação de compreender as coisas. O aluno deve buscar a emancipação, a serenidade e a sedimentação de tudo o que aprendeu, agora com reais responsabilidades, porque ele será visto como alguém com possibilidades de auxiliar na condução do Karatê, como atleta, árbitro ou técnico...
Mas o que espero de um aspirante a uma graduação? Espero é que ele seja aprovado, para que seu Sensei também não seja reprovado juntamente com ele.
Oss!
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