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domingo, janeiro 20, 2008

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS AULAS DE KARATÊ

As aulas de Karatê, quando possível, devem ser diferenciadas segundo a faixa etária dos alunos, entretanto, o dojô não é um lugar para brincadeiras infantis. Há outros lugares próprios para isso.

As atividades lúdicas, com a finalidade de brincadeiras, devem ser deixadas para creches, pré-escola, aulas de educação física na escola, esportes de competição, aulas de dança, etc, mas não no Karate.

Não é que o Karatê só tenha o objetivo de aprender a machucar pessoas, mas como é uma arte de luta, a concentração e a seriedade devem ser ensinadas desde cedo. Quando se trabalha com a integridade física de pessoas, não deve haver espaço para brincadeiras ou distração, mesmo para as crianças; isso quando o que se procura é desenvolver uma arma letal, que é o Karatê Marcial. Por isso penso que o Dojô não é um lugar para brincar.
Mesmo que isso vá contra a pedagogia infantil que estudamos no nosso meio acadêmico, penso que as crianças já têm momentos de sobra de descontração, distração e brincadeiras em suas vidas. O Dojô então, deve servir para ensinar a seriedade que não se aprende em nenhum outro lugar.

À partir do primeiro dia em que pisa no Dojô, mesmo para as crianças, o Budô deve ser ensinado com seriedade. Isso é o que diferencia o Karatê das atividades lúdicas ou de outros esportes.

Desde cedo, deve ser cobrada a perfeição da movimentação, com correção da movimentação do quadril, a colocação dos pés nas bases, os deslocamentos nas bases, os ataques e bloqueios, bem como a compreensão da filosofia que envolve a Arte Marcial não importando a idade da pessoa.

Quando o que se deseja é ensinar uma arte de combate, já não há espaço para brincadeiras. Misturando-se as coisas, não haverá mais Budô, será uma diversão com uma atividade física para as crianças brincarem e para isso existem outros lugares.

Todos podem participar ao mesmo tempo de uma mesma aula do dojô, crianças e adultos, de qualquer graduação. Uma aula deve ser ministrada de forma igual para todos, independente da graduação ou da idade.Todos são orientados para tentar alcançar, com seu golpe, o companheiro de treino. É lógico que primeiro treinam separadamente na forma de kihon, aparelhos de pancada, depois de leve com alguém e quando se sentem seguros, então imprimem o inerente Kime.

Com isso a concentração dos alunos tende a aumentar nas aulas.
O que deve ser observado é a forma de controle.

No Karatê Marcial (diferente do Karatê Esportivo) o controle deve ser feito somente na FORÇA e na VELOCIDADE do golpe, e não no ALCANCE ou PROFUNDIDADE do golpe.

O ataque deve sempre buscar passar pela defesa e continuar tentando atingir o oponente, mas com a força reduzida. Ou seja, independente da graduação, se o golpe passar pela defesa, vai atingir o companheiro de treino. Só o que deve ser controlado é a intensidade do golpe, e não o alcance do mesmo.
Inicialmente o treino tem o objetivo de preparar as bases para a movimentação, o uso das partes do corpo, também o equilíbrio, a consciência corporal, etc., ou seja, a compreensão do que é básico, para possibilitar o treino do kihon.

A ênfase máxima é dada ao quadril, para fazê-lo movimentar de inúmeras formas, que é o que diferencia os atletas de alto nível em qualquer esporte ou luta.
Despertar a movimentação do quadril e o centro de equilíbrio do qual é gerada uma energia extra capaz de gerar o golpe definitivo, em qualquer fase do movimento, deve ser sempre o objetivo a ser perseguido e é o que possibilitará se desenvolver um karate forte.

A energia dos golpes não vêm só da mão, do braço ou pernas. Essa energia é originada de uma unificação do movimento do quadril com todos os músculos e tendões existentes no corpo aliados aos ossos e articulações.

Os exercícios, feitos de forma concentrada e silenciosa servem para isso e buscam o desenvolvimento corporal e formas de gerar mais energia nos movimentos. Ou seja, criar uma base corporal para se aprender o verdadeiro Karatê.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ossu, Sensei !

Muito boa a página, escrita com grande propriedade.

Saudações;

Boaretto