Sem dúvida para que as técnicas do Karatê sejam úteis, devem ser executadas com a máxima potência possível e ao mesmo tempo, devem ser realizadas com a velocidade necessária. Mesmo que isso pareça contraditório estas duas qualidades são dadas por dois efeitos de natureza diferentes. É dizer a forma vem da tensão muscular e a velocidade provém do relaxamento. Qualquer técnica executada com demasiada tensão muscular carecerá de velocidade, enquanto que uma técnica desenvolvida com muita relaxação estará fraca de força. Como conseguir unificar as “causas” tensão e relaxamento, para obter os “efeitos” desejados: velocidade e potência? Verdadeiramente, em um combate não existem ou não devem existir causas para contrair o corpo em nenhum momento, exceto no instante do contato do golpe, tanto recebido como dado. Inclusive no mesmo instante do golpear, a tensão de nosso corpo deve ser a máxima no mínimo de tempo, é dizer relaxar rapidamente depois de haver golpeado, com o que aplicaremos um gasto de energia muscular ao tempo que preparamos o corpo dando-lhe descanso para outra rápida contração do músculo. É muito normal ver como todos os principiantes contraem seus músculos de uma forma incorreta, desperdiçando uma energia de forma inútil e, pior ainda, contraem seu corpo durante toda a execução do movimento, ou o que resta efetivamente do mesmo. A contração causa uma lista dos erros que podem fazer. Os principiantes e inexperientes, ao contrair seus músculos no momento incorreto.
A) No PRINCIPIO DO MOVIMENTO. Nesta fase dos erros mais típicos, são apertar os dentes, contrair o peito, subir os ombros até as orelhas e baixar a mandíbula apertando-a contra o peito. Todo começo de qualquer movimento deve ser de uma maneira explosiva e deve executar sem nenhum tipo de sinal exterior preliminares ou movimentos inúteis.
B) Na METADE DO MOVIMENTO: Talvez os erros nesta fase de devam ao método de ensinar a técnica. Muitos instrutores ensinam as técnicas separadas em partes ou segmentos, o que induz o praticante a deter-se no meio da execução da técnica; por exemplo, no Mae Geri ou chute frontal. O pé se levanta e o joelho é preparado para golpear. Para o praticante, este é um lugar ou uma fase onde o movimento é detido pelo que mais tarde ele mesmo realizará uma pausa, o qual lhe ocasionará uma perda de velocidade no chute. Assim, o inexperiente contrairá seus braços, ombros e tronco para manter seu joelho acima, o que lhe cansará muito mais e lhe privará da fluidez que necessita este movimento continuado. É importante compreender as fases do golpe, porém não até o limite do que essas nos façam executar a técnica em partes.
C) A CONTRAÇÃO DOS OMBROS BRAÇOS E TRONCO ENQUANTO SE CHUTA: É fácil ao observar um principiante, ver como todo seu corpo se contrai no momento de chutar. Durante a execução dos chutes, a parte superior do corpo deve estar relaxada e unicamente contrair as pernas (músculos que trabalham), e o abdome, ao mesmo tempo que mantemos as mãos acima e frente ao corpo, livres para bloquear ou para qualquer contra-ataque, em qualquer momento.
D) TENSÃO DOS MÚSCULOS MANTIDA DEMASIADO TEMPO NO MOMENTO DO CONTATO DO GOLPE: a tensão no final de uma técnica de punho, de perna, ou de bloqueio, deve durar décimos de segundo. No último momento deve-se contrair os músculos corretos rápida e completamente e então, depois disto, relaxa-los tão rápido e de uma forma tão completa como anteriormente se haviam contraído.
E) DEMASIADA TENSÃO QUANDO SE MANTÉM UMA POSTURA: Algumas pessoas quando adotam uma postura ou posição, permanecem de tal forma que parece que levam todo o peso do mundo em seu corpo. Ainda que a tensão muscular de vários elementos seja necessária para adotar uma boa postura, o inexperiente contrai a grande maioria dos músculos de seu corpo sem saber que se contraísse muito menos da metade, o estaria fazendo melhor. Como resultado disso, no combate parecem estáticos como fosse estátuas. Deve-se sentir relaxada, ligeiro, móvel, sem tensão, solto. Se ao contrário estamos rígidos, forçados, estáticos, duros ou tensos, quando tivermos que golpear ou defender, o primeiro que nosso corpo faz é relaxar para agir, perdemos muito tempo e pode ser muito tarde quando tentarmos reagir. Deve-se examinar todas as posturas, para que o estudante aprenda a relaxar e contrair única e exclusivamente os músculos e articulações que sejam necessárias, nem uma a menos. O sistema muscular deve estar treinado até o limite para que os movimentos sejam automáticos e os músculos que devam atuar se tencionem, da mesma forma que os que tenham que relaxar relaxem de forma automática. Não somente a pessoa poderá reagir ou mover-se de forma mais rápida, se está relaxada, mas também o fará com muito menos esforço. Este é o verdadeiro motivo pelo qual uma pessoa treinada e com conhecimentos, melhor dizendo, um perito, pode treinar várias horas seguidas sem chegar a cansar-se, ou melhor, dizendo, sem esgotar-se, pois trabalha com o mínimo esforço, elimina os movimentos e a tensão desnecessária. Existem dois tipos de músculos em cada movimento. Os agonistas são os músculos que se contraem e os causadores da execução do movimento. Os antagonistas são os músculos que devem relaxar para permitir aos agonistas realizar seu trabalho sem opor nenhum tipo de força. Por exemplo, em um chute frontal (Mae Geri), os músculos da parte frontal ou dianteira da perna se contraem para provocar a extensão do joelho e a ação do movimento. Estes são os agonistas, os que trabalham. Porém para que isso seja executado da maneira correta, os músculos da parte traseira ou posterior da perna e coxa devem relaxar, pois quando estes se contraem fazem com que a perna se recolha ou se dobre, flexionado o joelho. Assim, pois, uns servem para a extensão e outros para a flexão. É natural que se busque o melhor efeito, não se contrai os músculos agonistas e antagonistas ao mesmo tempo. Se assim se faz, o que pode acontecer é que se obterá mais fatiga (quando se trabalha a resistência em 100 Mae Geri) ou menor velocidade, se é esta qualidade a que buscamos. Não é necessário dizer que uma parte importantíssima para não dizer obrigatória, que há que contrair, é aquela com a que se vai golpear, é dizer punho, pé, antebraço, etc., pois para desenvolver e gerar potência e tão importante como contrair e concentrar os quadris e o abdome. Por meio disto o corpo será uma unidade sólida somente no instante do contato, em lugar de serem várias partes soltas e sem direção. É por isso e desta forma, quando se golpeia um alvo, deve-se aproveitar todo o peso do corpo nesse golpe e não somente golpear com a força do braço ou da perna, que é infinitamente menor que a do peso do corpo. Assim, pois, um lutador, quando sabe aplicar toda sua força corporal na superfície de seu punho, poderá pegar muito mais forte e mais ligeiro que um karateka de maior peso e envergadura. O segredo está em saber usar o seu potencial particular. Por este motivo, o peso do corpo deve mover-se para o alvo no justo momento do impacto com o objetivo. Pela mesma razão, devemos aprender a mover os quadris e aplicar sua força em todos os golpes e defesas que executemos, dando-lhe um maior nível de força para realizar as técnicas. Ao contrair o corpo, o Kime, deve ser uma atitude e uma força tanto física quanto mental. Se nossos pensamentos não estão concentrados ou enfocados junto a nossa habilidade e força física, a técnica não será de todo potente e poderosa como poderia ser. A debilidade mental seja causada pelo medo, incerteza ou simplesmente carência da devida atenção, podem retirar a efetividade de qualquer técnica, da mesma maneira que pode acontecer com uma execução errada do movimento. Os principiantes devem fixar-se nos experientes e aprender com eles quais músculos são necessárias e quais não são; ao treinar conhecendo isto é um modo de fazer mais curto o caminho para o progresso nas Artes Marciais.
Autor: Hirokazu Kanazawa
Fonte: http://www.seikikai-dojo.com/
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